Ilha do Mel: dicas do paraíso mais hiponga do Brasil

Na Ilha do Mel parece que o tempo passa devagar, sem pressa e sem samba. E não tem chorinho. Essa paradisíaca ilha do Paraná, com suas belas praias, me provou que eu fiz a escolha certa pra fugir do Carnaval no ano passado. Veja o relato dessa viagem, incluindo dicas de onde ficar, o que levar e quanto vai gastar na Ilha do Mel, seja no Carnaval, no Reveillon ou em qualquer dia do ano.

Essa experiência Off-Carnaval começa em São Paulo, passa por Curitiba, vai de ônibus até Pontal do Sul e segue de barco até a Ilha do Mel. Parece trabalhoso, mas com as dicas você vai ver que é uma viagem fácil, barata e sem dúvidas uma das melhores opções pra escapar do infernal Carnaval brasileiro.

Sim, eu não suporto Carnaval e acho cada vez mais difícil fugir dele. Naqueles dias em que música ruim parece brotar de cada bueiro, a Band vira o canal da Folia e na Globo até o William Waack vira especialista em escola de Samba, eu prefiro tocar meu pandeiro em outras bandas. E foi assim que encontrei a Ilha do Mel, que acredito ter as melhores praias do Paraná.

Como eu descobri a Ilha do Mel

Morando em São Paulo eu descobri que ir pegar uma praia no nordeste pode ser mais rápido que descer pra Guarujá ou Maresias, que são aqui do lado. Num fim de semana de sol, parece que os 20 milhões de habitantes da grande São Paulo têm a mesma ideia: PRAIA. Na ida tudo bem, o pessoal se espalha. Mas na volta todo mundo pega a estrada exatamente no mesmo horário (e não importa que hora seja). Uma viagem de 2 horas se transforma numa epopeia de 8 horas, sem exageros.

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Foi assim que eliminei as praias do litoral de São Paulo da lista de destinos, por mais que encontrasse alguma sem Carnaval. Eliminar o nordeste foi mais fácil. Primeiro porque sei que por lá o SAMBA/FREVO é ainda mais pesado. Depois porque em feriados festivos os preços das passagens são comparáveis a bilhetes pra Europa.

Pesquisando no Skyscanner, vi que avião pra Curitiba estava mais barato que ônibus, coisa de R$ 150 ida e volta. Só que eu não conhecia nada do litoral do Paraná, só tinha umas lembranças remotas das férias de 1987 em Matinhos.  Foi aí que peguei o Google Earth e achei a Ilha do Mel toda linda boiando na entrada da Baía de Paranaguá. Googladas rápidas, vi que era um destino meio alternativo, bonito e, o melhor de tudo, sem samba.

Planejando esse Carnaval incrivelmente barato na Ilha do Mel

Meu orçamento total era de R$ 1500. E isso deveria incluir passagens aéreas, hotel em Curitiba, ônibus pra Pontal do Sul, barco pra Ilha do Mel, hotel na Ilha do Mel, comidas legais e… E fazer todo o caminho de volta.

Com muita antecedência essa missão nem é tão impossível assim. Mas como eu demorei a ter a ideia da Ilha do Mel, tive menos de 1 mês de antecedência pra revirar a internet em busca de hotéis baratos, horários de ônibus e pra entender um pouco melhor o que fazer na Ilha do Mel.

Uma noite em Curitiba

Saiba o que vale a pena fazer em Curitiba

jardim botanico curitiba

Pois é, num feriadão de apenas 5 dias eu ainda arranjei tempo pra conhecer um pouco de Curitiba. Mas não foi só turismo, a parada precisou ser estratégica. Como em 2014 ainda não existia o ClickBus, só seria possível comprar as passagens na rodoviária de Curitiba mesmo.

Meu voo aterrissou na capital paranaense por volta de 17h. Peguei o ônibus executivo no aeoroporto e parei praticamente na porta do hotel, o Master Express Curitiba, muito perto da rodoviária. Hotel tipo Ibis, sem muitas regalias, mas limpo, equipado e com preço honesto, na época por menos de R$ 150 a diária. Pagar barato nos hotéis é uma das vantagens de viajar pra uma cidade sem tradição carnavalesca em pleno Carnaval.

Em Curitiba me dediquei à culinária. Ou melhor, a comer como um boi. Fui no famoso Bar do Alemão e na Banoffi Bistrô e Confeitaria, que minha namorada insistia em chamar de ~a melhor torta do mundo~. De manhã comprei as últimas passagens no ônibus pra Pontal do Sul, que sairia por volta das 15h e depois ainda rolou um passeio ao Jardim Botânico.

banoffi curitiba

No geral, eu esperava mais da capital paranaense. Senti um clima de insegurança no ar, além de ter esbarrado várias vezes no afamado comportamento provinciano blasé dos curitibanos. Mas se ainda não conhece, vale a pena conhecer, vai que você gosta do estilo. Se for, aproveite as ofertas do Booking em Curitiba.

A caminho de Pontal do Sul

Acabei indo de ônibus pra Pontal do Sul, mas essa escolha não foi fácil. Na verdade entender as informações é que foi complicado. Entrei em vários blogs e nenhum deixava claro como chegar na Ilha do Mel. Vi alternativas de barcos partindo de Paranaguá e, juro, até de Morretes, que não tem mar e nem mesmo rio. E quase caí nessa armadilha, porque queria muito comer o típico barreado paranaense na cidade.

Outro motivo pra ir até Morretes ou Antonina seria fazer a viagem de trem, no romântico (e caro) trajeto pela Serra do Paraná.  Se você quer ir de trem, olhe o site da Serra Verde Express, mas já adianto que é um pouco complicado de entender.

Fiquei sem barreado e sem trem, mas descobri que o melhor lugar para pegar um barco até a Ilha do Mel é Pontal do Sul. De Paranaguá até saem alguns barcos, mas são mais caros e a frequência é menor. Então comprei a passagem pra Pontal do Sul mesmo, num ônibus comum, por um preço justo, que não me lembro agora.

A viagem foi tranquila. Estrada boa, poucos carros e pessoal calado no ônibus. Só no final que começou o rolar um tráfico de drogas sinistro no corredor. Um cara totalmente bêbado deixou cair seu tijolo de maconha no corredor do busão antes de descer. O ônibus parou numa espécie de terminal de terra, totalmente sem estrutura. E até esse momento, é importante ressaltar, nada de axé, samba ou gente fantasiada. Ufa.

De barco até a Ilha do Mel

Colado no precário ponto final de Pontal do Sul, está o pequeno porto* de onde saem os barcos pra Ilha do Mel de meia em meia hora, das 8h às 19h em alta temporada. Comprei por R$ 40 a passagem de ida e volta, com destino a Brasília, uma das duas pequenas comunidades da Ilha do Mel. A outra é Encantadas, mas como sou de Brasília, escolhi a primeira mesmo, que me disseram ser um pouco mais rústica.

*Quem vai de carro precisa deixar o veículo ali perto, onde tem um estacionamento por preços até justos.

Sim, na Ilha do Mel não entram carros! E se não entram carros, logo não entram trios elétricos e carros alegóricos. Isso sim é fugir do Carnaval de Salvador e do Carnaval do Rio de Janeiro numa viagem só. =D

A chegada na Ilha do Mel

Essa foi a parte tensa da viagem. Chegamos no fim da tarde, por volta de 18h. Ainda sobrava uma nesga de sol no horizonte e eu queria correr pra praia. Mas faltava só achar a vila e um hotel. E isso era o que eu achava.

caminho praias ilha do mel

A Praia do Farol e a Praia de Fora são bem próximas. Ondas ou calmaria? Siga as setas.

Pois é, os barcos atracam no meio de um nada. Tem só um telhado e uma placa apontando “Brasília”. Segui uma placa, segui outra e me vi em meio a uma trilha. Sabia que seria um Carnaval rústico, mas nem tanto, pensei. Depois de caminhar por uns 20 minutos, finalmente encontrei alguém pra pedir informação:

– Brasília é por aqui?

– Anrã.

– Os hotéis estão pra cá mesmo?

– Anrã.

Beleza, só que meia hora de caminhada depois começamos a ouvir o barulho do mar, da selva e nada de civilização. Encontramos uma cabana abandonada. E depois os restos de um bar. E finalmente alguém pra dizer que aquele caminho estava errado. =(

De volta ao caminho certo (suado, sujo e sem esperança de praia), cheguei à ruazinha de terra onde estão os hotéis e pousadas da comunidade. Todos lotados.

rua ilha do mel brasilia

Rua de terra típica da Ilha do Mel, na parte mais movimentada de Brasília. Nada de trios elétricos.

Se chegar sem reservas já não é legal, imagine então ficar duas horas perdido enquanto a ilha vai se enchendo de gente. De porta em porta, nos indicaram uma pousada familiar que ainda tinha uma vaga. Não lembro o nome, não reserva pela internet, e sinceramente, não recomendo. Chegando lá, parecia um pedaço de sítio no meio da Amazônia, com casas de madeira e um quintal úmido. Preço: R$ 150 por dia o quarto quente com banheiro esquisito. Beleza, melhor que pagar um absurdo por um pacote fechado, uma das coisas que mais me irritam quando viajo em feriados pelo Brasil.

Deveria ter planejado melhor, como acho que você está fazendo agora. Se buscar com antecedência, é possível encontrar boas pousadas na Ilha do Mel. Não sei em Encantadas, mas em Brasília passei na porta e inclusive almocei em pousadas muito simpáticas e bem localizadas, como:

Pousada Enseada das Conchas

Pousada Ilha do Mel Café

Pousada Beehouse

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Dois dias na Ilha do Mel

Estadia curta e perfeita. Comprovei que na Ilha do Mel realmente não tem Carnaval. Pelo menos nos dias em que fiquei por lá, não ouvi nada de samba. Na verdade acho que não ouvi ou vi nada do mundo de fora. A comunidade Brasília é muito isolada, embora tenha o que realmente importa.

ilha do mel praia de fora

Os restaurantes são bons, apesar de um pouco caros, o que se justifica por ser uma ilha, onde tudo chega de barco. Mas quem vive no eixo das grandes capitais, como São Paulo, Rio e Brasília, vai achar os preços normais.

As ruas são de terra e a iluminação à noite é esparsa. O que significa que é bom você ter uma lanterna ou pelo menos um celular com bateria, apesar do sinal de telefone não ser o forte da Ilha do Mel.

As praias da Ilha do Mel

Resumindo, variadas e perfeitas. Frequentei apenas as mais próximas da pousada: Praia do Istmo, Praia do Farol, Praia de Fora e Praia Grande, com predominância de areias claras e finas. Como fiquei pouco tempo, estou longe de ser um especialista nas praias da Ilha do Mel. Mas pelos menos naquele Carnaval sem Carnaval, tive as seguintes impressões de cada uma das praias:

Praia do Istmo | Reduto dos pescadores locais, com mar calmo e cheia de barquinhos atracados. Separa a parte turística da Reserva Ecológica.

Praia do Farol | Mais família e sem ondas. É a praia da ilha que tem menos cara de selvagem. Existia um único comércio e passaram alguns carrinhos de sorvete.

Praia do Farol | Mais jovem e com bares agitados na ponta. Boas ondas! Pensei que fosse ouvir axé, mas só ouvi uma música do Caetano. Ufa.

Praia Grande | Um pouco mais afastada, mais vazia e com as maiores ondas que vi na Ilha do Mel.

praia ilha do mel

O que levar pra Ilha do Mel

Lá existem quiosques que vendem de tudo. Na minha pousada mesmo, funcionava uma vendinha, tipo aquelas de interior, onde vendiam desde papel higiênico e amendoim até cerveja e caixa de isopor. Mas, pra não depender do acaso e da pouca variedade de produtos na ilha, é bom levar no mínimo um bom repelente. Se o seu celular é mais antigo e sem uma boa luz embutida, leve também uma lanterna.

Isso se você vai ficar em uma pousada razoável. Se vai fazer camping, aí sim tem que levar bastante coisa. Como acampar não é minha praia, não vou citar aqui o que deve ou não levar, apenas reforço o aviso de que lá não existe uma variedade muito grande de produtos à venda e os preços são mais salgados que numa cidade no continente.

Balanço final sobre o Carnaval na Ilha do Mel

Gostei e já quero voltar. Ficar sem televisão, sem carro, sem barulho de avião e, principalmente sem samba e axé, foi muito melhor do que eu esperava. Espero que a Ilha do Mel permaneça assim, reduto de maconheiros gente alternativa, que prefere descansar à beira do mar, em ruas de terra e hotéis simples. Se você também corre de quem corre atrás do trio, a Ilha do Mel é seu próximo destino.

Viajar com tudo reservado é bem melhor

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