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Turismo cruel: 12 práticas que maltratam os animais

Eu gostaria de não precisar escrever esse post. Mas, infelizmente, continuo vendo diversas “atrações turísticas” que exploram animais. Igualmente cruel é quem paga para ver esses shows de horrores, que levam animais à fadiga, à loucura e à morte.

Cada destino turístico tem seu jeito de maltratar. Selecionei apenas os 12 mais comuns, coisas que eu fui lembrando de viagens. Se você se lembrar de algo mais, é só avisar nos comentários que eu incluirei na lista.

Qual destas você já praticou? Não sejamos hipócritas. Eu mesmo já estive presente em algumas atrocidades do tipo, quando não suspeitava do que havia nos bastidores. E quem não para pra pensar, vai continuar financiando isso. Não é ecoturismo, é sacanagem.

Mais um vez, caí numa cilada de turismo cruel. Dessa vez, em pleno 2023, na Vila Núbia, no sul do Egito. Nesse local, os turistas pagam para segurar crocodilos, que estão com a boca amarrada e muitos deles têm a língua decepada.

1. Shows de golfinhos, focas e baleias

“Quer ver a foca, ficar feliz, é por uma bola, no seu nariz”. Não, né. A foca, assim como golfinhos e baleias orca, é um animal selvagem que não deveria ser fonte de renda para parques milionários como o SeaWorld, nos Estados Unidos. Nos últimos anos, ex-treinadores e mergulhadores do parque resolveram contar sobre os treinamentos exaustivos de golfinhos e baleias (aqui), que ainda são dopadas para “controlar” o natural comportamento agressivo.

Essas baleias do SeaWorld trabalham mais do que muita gente, e só recebem uma piscina e peixes como pagamento.

 

2. Nadar com golfinhos, orcas e outros animais

Já viu fotos daquele casal brega em lua de mel, aos beijos e abraços com golfinhos? Pois é, isso é muito comum em destinos caribenhos como Cancún, Bahamas e Punta Cana. E em Orlando, claro, paraíso da crueldade animal, onde existem parques específicos para esse abuso, como o Discovery Cove e o Disney Epcot.

Para estar à disposição dos turistas, os golfinhos ficam confinados com pouca profundidade. Alguns chegam a ficar cegos com o excesso de cloro para limpar a água. Obrigados a nadar em pequenos espaços durante horas, eles desenvolvem um comportamento psicótico (detalhes aqui). Isso para aqueles que tem “sorte”, pois os menos bonitos são abatidos na captura, mesmo filhotes.

Aliás, a imbecilidade humana é tamanha, que tem gente que paga caro para nadar com tubarões. Sem gaiola de proteção, sem nada. Só a necessidade de se achar enfrentando a morte, quando, na verdade, está apenas ajudando a desenvolver mais um tipo de turismo cruel.

 

3. Segurar arraias e tartarugas-marinhas

Só passar a mão no bicho é de boa né? Né não. Atração comum em parques do Caribe, como nas Ilhas Cayman, tartarugas-marinhas sofrem grande estresse e ficam sujeitas a doenças e infecções após o contato com humanos. Quando criadas em cativeiro, geralmente em condições insalubres de tanques superlotados, as brigas são frequentes. Pra fechar o ciclo, mais velhas elas costumam ser vendidas a restaurantes da região, como explica o site OlharAnimal. Pra entender mais, leia o texto da WAP.

Entre outros animais escravizados pelos parques turísticos, seja em piscinas ou braços do mar, em San Andrés vi arraias cujo “trabalho” é servir para os turistas passarem a mão. Sério, gente. Quanta cabeça vazia nesse mundo.

 

4. Entrar na jaula com tigres e leões

Pois é, tem gente imbecil a esse ponto. Não pense que são pessoas corajosas, muito pelo contrário. São covardes que se aproveitam de animais dopados. Turistas chegam ao cúmulo de pentear a juba de leões e fazer “selfies” com eles. Essa prática cruel é utilizada em alguns lugares do mundo, como em Luján, na Argentina, que eu mesmo visitei antes de saber do método, e achei muito estranho a passividade dos animais.

Nesse vídeo acima, os viajantes ouvem o outro lado da história, mostrando tratadores cuidando dos animais de Luján e explicando como é o processo de domesticação e convívio com cachorros e seres humanos. Mesmo assim, tudo continua muito mal contado

 

5. Charretes e carruagens puxadas por cavalos

Em pleno ano de 2018, vi turistas acomodados nos banquinhos aveludados de uma carruagem, enquanto o pobre do cavalo puxava aqueles animais sob o calor de 40 ºC de Cartagena, na Colômbia. Situações semelhantes acontecem no mundo inteiro, em lugares como Praga e Nova Iorque.

Cavalo exausto cai na avenida em Nova Iorque. Foto: Their Turn, em post do ANDA

 

6. Encantamento de cobras

Cena comum em países como Índia, Marrocos e Tailândia: um homem de turbante começa a tocar flauta, enquanto uma cobra se ergue no cesto e parece dançar com a música. Na verdade, essas cobras que são surdas e tiveram suas presas arrancadas pelo “mestre”, estão se preparando para o ataque. Mas ao custo de muitas flautadas na cabeça, elas foram treinadas para não morder.

Flautista tocando para encantar os turistas, e não as cobras.

 

7. Fazendas de café civeta

Já ouviu falar do Kopi Lwak, o café mais caro do mundo? Ele é feito a partir de grãos extraídos das fezes de um pequeno mamífero, a Civeta, natural das ilhas de Sumatra, Java e Bali, entre outras. Seria aceitável colher as fezes do animal na natureza e vender, e esse é o discurso dos produtores, como explica a BBC. Mas muitos estão criando os animais em cativeiros, em jaulas minúsculas. O pior é que alguns desses locais estão se tornando atração turística, onde os visitantes chegam a pagar mais de R$ 200 por uma xícara de café. Isso que eu chamo de um turista de merda.

 

8. Macacos artistas

Em países como Indonésia, são comuns apresentações de macacos. Acorrentados pelo pescoço e fantasiados, eles são treinados para pedir dinheiro aos turistas.

Difícil segurar o choro olhando essa foto. Foto: Adi Weda/Efe

 

9. Parques e fazendas de crocodilos

Obrigados a viverem em espaços pequenos e expostos para a visitação turística, esses animais ferozes se estressam e entrar em brigas violentas, chegando a arrancar pedaços uns dos outros e às vezes lutando até a morte. Essas famigeradas fazendas de crocodilo infelizmente são comuns em países como Estados Unidos e Austrália.

Olha a cena que turistas pagam pra ver nas fazendas de crocodilos. Merecem ou não ser atirados aí dentro?

 

10. Passeios de elefante e camelo

Na Índia e em países da África, agências de turismo incentivam os visitantes a passear no lombo de elefantes acorrentados. Além de toda uma estrutura pesada no lombo, alguns são mantidos acorrentados no “passeio”. Esses animais geralmente foram capturados filhotes e sofreram sucessões de maus tratos até se tornarem atrações turísticas.

Novamente na Índia e em países desérticos como Marrocos e Emirados Árabes, outra prática como é o passeio de camelo. Sob o sol do Saara, eles são chicoteados para acelerar a rota de turistas mimados.  Outros animais de “tração”, como burros e jegues, também são explorados pelo turismo no Brasil e em destinos da Grécia e outros lugares do mundo.

 

11. Parques e zoológicos com ursos

De modo geral, zoológico são ambientes cruéis com os animais. No caso dos ursos, o sofrimento é ainda maior. Solitário por natureza, eles são obrigados a conviver com dezenas de outros ursos. O que leva a proliferação de doenças, estresse e violência no ambiente, onde as lutas são corriqueiras. Pior é que alguns desses lugares ainda “treinam” os ursos para apresentações, como em perfomances em bicicletas.

 

12. Touradas, vaquejadas e rodeios

Pra fechar o show de horrores, a mais famosa tradição de maltratar animais vem da Espanha, onde é, acreditem, Patrimônio Histórico e Cultural. No rastro da colonização, se tornaram populares também no México, na Venezuela  e no Equador.

Mas o que acontece na tourada de tão mau? Pra quem não sabe, tourada não é só um cara fantasiado brincando de escapar de um touro bravo. Na verdade, a cada esquivada, ele enfia uma lança no lombo do bicho. Por fim, o toureiro crava uma espada no pescoço do touro, que quase sempre morre na arena (detalhes aqui).

Tudo isso sob o aplausos de milhares de aficcionados e turistas. Não raro, quem morre é o toureiro. Afinal nem sempre eles conseguem se esquivar dos chifres afiados. A boa notícia (aqui) é que a Espanha vem cedendo às críticas, em busca de touradas menos sanguinárias. Por essas e outras que eu prefiro Barcelona, que há anos já baniu as touradas.

 

Faltou algum tipo de maltrato?

Nesse mundo cruel, onde há milhares de anos os seres humanos exploram os animais, não faltam exemplos de práticas cruéis no turismo. Se você já viu ou sabe de algo que merece ser exposto nessa lista, mande abaixo pelos comentários. E sempre que vir algum parente ou amigo corroborando com essas práticas, vale a pena levantar a discussão. Às vezes os turistas nem imaginam o que se passa nos bastidores daquela atração.

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5 Comentários

  1. Lincoln Marques de Melo disse:

    Parabéns pelo post. Os burrinhos em Santorini também são explorados diariamente subindo e descendo escadas.

    1. Bem observado, Lincoln. E olha que Santorini é uma ilha rica, que tem condições de sobra para evoluir e não maltratar mais os animais.

  2. As pessoas são realmente muito sem noção! Excelente post com informações necessárias para nos alertar sobre esse turismo bizarro que infelizmente é patrocinado pelo ego humano.

  3. Que post lindo e triste ao mesmo tempo. Adorei a forma que você trata as pessoas que frequentam esses passeios “turisticos” de maltrados aos animais. Amei ler o post! Parabéns!

    -Natalia

    1. Obrigado, Natalia. Muito triste mesmo. Pior é que, se ainda existe isso, é porque tem gente ignorante pra assistir e financiar… Mas estamos evoluindo, tenho esperança que um dia isso acabe, pelo menos aqui no ocidente.